sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Lotus

Lotus
Poderia se dizer,
Que, mesmo sem querer,
Foi amor a primeira vista.
Ainda que outra razão insista.

É que de outro modo posto,
poderia ser também ao formato do bolso,
Uma vez que a comprei.

Numa feira com tantos bichanos
Fofos, lindos, serelepes ...quase insânos
Me deparei intretida...
Numa gaiola entre filhotes, dividida.

A provocar suas reações,
Brincando com meus dedos,
Um me cativou os arremedos.

Entre um pensamento e outro,
Racionalizando as emoções,
Obtive de seus trejeitos
Todo o motivo para as minhas intenções.

E então, eis que uma fofura macia,
Minha gata persa que eu tanto queria,
Jaz no meu colo a me fazer a alegria.

Já de posse de todo conhecimento
Necessário para o seu desenvolvimento,
Me pus faceira a providenciar
Todos os objetos, brinquedos e o alimento.

Ah sim, alguns rolos de filme também,
Para que se ficasse registrado em figuras,
Desta fofura, todas as travessuras.

Após os primeiros dias
De reconhecimento e adaptação,
Foi estabelecido de pronto
Uma total e recíproca afeição.

Mesmo que neste mundo desprovidas
De nossas falas à sua significação,
Éramos uma completa interação.

É como se houvera desde sempre,
Além de meu completo fascínio,
Uma habilidade natural, quase um domínio
De minha personalidade com a deste felino.

Suas peraltíces e estripulias
Carências, liberdade e ousadias
Parece de mim uma extensão.

Talvez tudo de fantasia não passe.
Só sei que com ela posso ser insana,
E me divirto e desenrolo, da vida, o drama
Nos longos “miálogos” com minha bichana.

Já se vão alguns anos de convivência
E apesar dos reveses de minha vida,
Dela tenho a certeza da permanência.

Das noites, em meu cabelo aninhada
Sinto saudades... desta gata mimada.
Mas ainda hoje pula em meu colo
Para em carinhos ronronar sossegada.

(05-12-2008)