sexta-feira, 31 de julho de 2015

Desilusão

É o voltar do desenbarque sozinho
É encontrar-se solitário no caminho
É ser trocado por algo mesquinho

É pensar ter todas as respostas
E se ver no vazio, sem propostas
É quando todos te viram as costas

É revirar-se procurando do meio do nada

É ter o sonho perdido e a porta tracada

(cppp - 31/08/2015)

Na Sala de Espera

Ah...! Este tempo que não passa!
Parece que tudo se arrasta ou pára
E o atropelo das dúvidas se dispara
Pondo em colapso todo o pensamento

Onde estava mesmo a razão?
Qual era o caminho da solução?
Existe algo diferente do "não"?
Parece que nada encontra dicernimento

Na sala de espera a coragem padece
A coerência... a lógica... a fé fenece!
Esmorecem num silêncio frio e palpável

Na sala das decisões desta vida
Por vezes a espera é longa e descabida
Mas molda, em nós, um caráter inexorável

(cppp - 31/07/2015)

quinta-feira, 30 de julho de 2015

Provocação

Que tal uns versinhos rápidos?
Assim, bem despretensiosos e  simpáticos,
Só pra animar este povo, meio sorumbático?!

Pode ser umas bichices ou algo bobinho...
Desde que seja pensado com carinho,
Falando de amores, de rosas ou de espinhos.

Então, o que acha da minha proposta?
Vai me dizer que você não gosta,
E que tudo não passa... da próxima rima!?!

Aaahh! kkkkkk, sacaneei e te peguei!
Mas era só pra bagunçar, brincar, hei...
Só pra te jogar o astral pra cima.

(cppp - 30/07/2015)



A Chave do Meu Coração

Pra conquistar meu coração
Não, não precisa roubar a lua
Nem aprisionar o tempo
Ou inventar algum elemento
Para me arrebatar à você
Não, isto já ficou clichê

É um correr atrás do vento
Esta obsessão pelo original
Como se apenas o transcedental
Fosse durar mais que um momento
E garantir algum envolvimento
E num elo eternal me prender a você

Também não me ponha nua
A te provocar as vontades
Apenas pra te saciar o desejo
Se valendo da paixão como manejo
Queiras-me como ser, livre, pessoa
De um livre-arbítrio que o teu ecoa
E não como um objeto de estimação

Pra conquistar meu coração
Não existe nenhum segredo
Não precisa decifrar o enigma
Nem entender o paradigma
Comece me olhando nos olhos
Como um afago, sem pretensão

Abrace-me com tua paciência
E me escute com eloquência
Deixe-me dizer dos meus sonhos
Conquistas, sabores e segredos
Ouça o silêncio dos meus medos
E me acolha com carinho

Isto tudo é muito simples
Não carece nenhum adivinho
Colocando de forma resumida:
Pra que sigamos sempre
E no mesmo caminho, pela vida
Eu preciso, apenas, ser ouvida

(cppp - 30/07/2015)

quarta-feira, 29 de julho de 2015

As Flores do Caminho

As flores amarelas, tão singelas...
E tagarelas, sim, tagarelas!
Sua beleza e seu carinho
Estão a falar tão alto
Que tomam de sobressalto
O transeunte incauto
Que se atreve a cruzar seu caminho.

As flores amarelas, tão generosas...
Singram vaidosas e garbosas
Vão espalhando sua cor
Ocupando os jardins, faceiras
Enchendo os vasos nas soleiras
Invadindo o olhar da gente
Oferecendo-se livres e sem pudor.

As flores amarelas, tão comuns...            
Não se revelam a qualquer um
Há de se traduzí-las com sentimento
Senão passarão despercebidas
E suas dádivas murcharão, perdidas
Dádivas de plantar um sorriso na alma
E de nos perfumar o pensamento.

(cppp - 29/07/2015)


terça-feira, 28 de julho de 2015

Lavando a Alma

Lá vão as lavadeiras
Faceiras, descendo a ladeira
Equilibrando não só a trouxa
Mas os encardumes da vida
Numa tagarelice frouxa
Que escorre ladeira abaixo
Escoando o peso da lida

Lá vão elas de novo
Gente simples, do povo
Para a beira da água
Para lavar e alvejar os panos
E talvez os dissabores humanos
Em meio a risos sem pudores
Enxaguando bem toda mágoa

Ah... estas lavadeiras
Que não temem a labuta
Prazenteiras, enfrentam a luta
E se põem a esfregar energéticas
Numa coreografia e dança frenéticas
Até que as manchas da alma
Cedam, e tudo esteja a quarar

E lá vão elas outra vez
Sem se importar com a  ladeira
Subindo um degrau por vez
Como quem vai em procissão
Pois cumprida foi a missão
E lavaram não só a roupa
Mas limparam o coração

(cppp - 28/07/2015)

terça-feira, 21 de julho de 2015

Corações Ordinários

Tenho pavor!
De um coração pequeno
Que não arrisca, que não ousa
Que só se atreve às certezas
Que de tudo exige perfeita clareza

Tenho receio...
Destes que nunca mudam
Que jamais tentam o novo
Que se acomodam num mesmo sabor
Que sempre elegem a mesma cor

Que horror!
Uma alma sem um viver pleno
A exigir garantia de toda cousa
Presa no previsível e sem leveza
Fadada ao ceticismo de toda beleza

Tenho pena...
Dos iludidos com o perfeito... acudam!
Que ao pensar não permitem renovo
Que se ressentem de qualquer dissabor
Que não se doam sem um contrato de favor

Sim, tenho pena...
Porque estes são os mesmos sonhadores
Que acaletam lá no recondito do pensamento
Um alguém, um bem, um relacionamento
Que doe, doe, doe, doe!! ...e nunca traga dor
E ao Outro demandam como único responsável
Por este tão exigido: verdadeiro amor.

(cppp - 21/07/2015)

Mudanças

E lá vou eu de novo
Ou melhor
Desta vez vamos nós
Vamos encaixotar
O presente
Num breve instante algós
Empacotando bem
As esperanças
Como precioso pertence...
Embalando com cuidado
A coragem
Este tesouro inestimável
Vamos em busca
Do futuro
E seu chamado inadiável
Para outra mudança
De tudo
Que não mais convence...
Para dar uma sacudida
Nas certezas
De aura permanente
Para dar uma chance
Às possibilidades
Da oportunidade surpreendente
E lá vamos nós
Na conquista da vida
E da beleza de vivê-la intrepidamente!
(cppp - 21/07/2015)

domingo, 12 de julho de 2015

Biscoitinho

Panther: minha Maine Coon
Você é minha companheirinha
Minha doçura, meu biscoitinho
Uma bola de pelo e um poço de preguiça
Mas tem lá suas surpresas e peraltices

Na verdade, não tens nada de "inha"
Teu coração é grande e não é mesquinho
Um gigante gentil, como o diz tua raça
De profusão de ternura e denguices

Você é o meu surto de fofura
O meu riso, minha emoção mais pura
É a minha sanidade em meio a loucura

Você é minha gata, a segunda bichana
De uma amizade leal, cotidiana
E por vezes duvido se não és humana

(cppp - 11/07/2015)

sexta-feira, 10 de julho de 2015

Resposta

Persista, não desista! Ó alma de poeta, insista!
Ainda só mais um passo, mesmo que débil e trôpego
Ainda num último fôlego... valerá a pena!

Não, não te entregues! Por favor, não renegues...
Isto que jaz intrincadamente tecido, amalgamado
Em tua psique, que te faz poeta, que é você!

Sim, a inspiração por vezes nos capitula...

Só para nos testar, se somos dignos de sua ventura.

(cppp - 10/07/2015)

domingo, 5 de julho de 2015

Por Amor

Por Amor? 
Não o que eu faria, mas o que fiz. 
Deixei tudo para trás, me livrei de todas as amarras, até aquelas mais preciosas a que nos prendemos voluntariamente, como amigos chegados, o animal de estimação ou as sobrinhas, uma ainda não nascida, mas tão esperada... Não crescerão comigo, da vida delas eu realmente não participarei, não estarei por perto... Comigo, a vida real, não dividirão. 

Por Amor?
Aguentei cada despedida, cada reação desmedida de incompreensão, e por algum tempo uma vida monástica de bastante solidão. Arquei com o peso bruto da saudade que se instalava em medida dobrada, uma pelos sonhos que ainda seriam e, outra, pelos queridos que do meu convívio partiriam. Suportei o despedir-me de mim mesma e daquilo que para mim era tanto, como uma profissão de renome... calei até meu canto. 

Por Amor?
Fiz a mala, condensei ao máximo os tesouros da alma na memória e apenas uns poucos pertences nuns pacotes. Isto era tudo que poderia ser... E me joguei, sem olhar pra trás, me atirei mesmo para uma outra vida, num outro país, despindo-me de qualquer certeza. Parti todo o meu orgulho em pedaços tão pequenos, que ficaram reduzidos ao pó; e aceitei os títulos mais baixos, o não pertencer, a rejeição e o doloroso reconceber de mim mesma, apenas para viver um amor... e sem nenhuma garantia de ser feliz. 

Por Amor?
O que eu faria por Amor? Tudo! Tudo o que já fiz!

(cppp - 06/07/2015)

quinta-feira, 2 de julho de 2015

Para ser poeta

Já disse alguém certa vez
Que um poeta, dos bons, é sofredor
E eu concordo sem contestar o autor

O poeta é mesmo um eterno padecedor
Sofre a saudade, a distância, a injustiça
Padece de desilusão, de paixão e de amor

Padece até de uma dor postiça

Se, eventualmente, lhe faltar a dor.

(cppp - 2/7/2015)