quarta-feira, 17 de março de 2010

Quietude

Quieta e calma a hora passa
Findam-se os períodos, silentes...
Desta minha sobrevivência monástica
Destes meus momentos ausentes...

Estou a contemplar serena
A esperança que brinca ao longe
Por entre pilastras da humana psiquê
Com o futuro, este que sempre me foge

Estou a observar tranquila
Dos artifícios cognitivos, os movimentos
Que se balançam e se arriscam
Entre as teias do racionalismo e dos sentimentos

Quieta e calma é a forma
Que desta vez adotei como norma
Para me rebelar contra a realidade
Contra a imposição das dificuldades
Da vida, da não comunicação, da saudade!

(16-03-2010)

terça-feira, 16 de março de 2010

Eu Lírico

O poeta é grande
de alma, ampla,
bem iluminada.

De luz, densa,
que em si só
não cabe, se dilata.

Sobeja na profusão
de Palavras
a formar versos.

Transborda em sentidos
nas significâncias
pelos avessos.

Expande o entendimento
da emoção, do momento,
nos limites do discurso da razão.

Retrata sua enormidade
de mente, de alma,
de cérebro, de coração.

Tudo é possível ao ser
de se querer, de se sofrer,
de se viver, de subverter.

Mas concordo sem vaidade
que do poeta, a realidade,
sua verdade triste
não é possível o resolver.

(16-03-2010)

Projeção

Não me diga como reagir
Não me limite ao teu egoísmo
Enquadrando-me em teu falso altruísmo
A velar um sínico sectarismo

Não me subtraia a intensidade
Das reações e emoções com que vivo
Com que me movo e me expresso
Porque te incomoda a minha liberdade

Não me esconda em teus temores
Querendo mensurar minhas dores
Com a régua inconsistente de tuas carências
Da não vivência de teus amores

Não me amarre em teu tempo
Do que é plausível ou não
Baseado em teorias e retórica
De quem não coexisti na ampulheta
De areias movediças a subverter a razão

Não me aprisione aos teus conceitos
De neófitos e pobres argumentos
Morejos imaturos de uma egocêntrica psiquê
Que esmorece ante a coragem da experiência
Ignorando as possibilidades da existência

Não me roube, das palavras, a pureza
Distorcendo-as em teus melíndres
Na escura timidez de teu obtuso mundo
De janelas mas sem portas, sem incerteza
Sem risco, sem ousadia, superfial, nada produndo!

(12-03-2010)

Madrasta

Má e drástica é a significância.
Aludindo a um conceito infâme,
Denotando todo o preconceito
Ressentido, de um coração egoísta
Astuto e inundado de sofismas.
Suspeitando de quem chega e
Torturado de ciúme por quem se foi,
Amarfanhando a vida de quem fica.

(15-03-2010)