terça-feira, 30 de junho de 2015

Envelhecer

O mais triste de se envelhecer
Não sãos as rugas ou a opacidade da tez
Não são as cãs ou a flacidez

O mais triste de se envelhecer
É ter ano após ano um incremento
Desta melancolia, deste sofrimento

Que nos arrebata alma e lucidez

Ao termos de nossos queridos, desta vida, o banimento.

(cppp - 30/06/2015)

segunda-feira, 29 de junho de 2015

Condolências

Foto/fotógrafo: Estefenson Prado.
Um dia triste, num quarto escuro...
O cinza monótono através da janela,
apenas reflete minha palidez de alma.

Na finitude da vida, um golpe duro.
Uma saudade dolorida se sequela,
em corações entranhados ao meu.

Na dor deles e de mais uma despedida,

Fico, voluntariamente, do pesar acometida.

(cppp - 29/06/2015)

domingo, 28 de junho de 2015

Pretensão

Não espere popularidade
Ou um ecoar de concordância
Quando sua opinião estiver na contramão

Não almeje simpatia
E nem mesmo a mesma caridade
Que te exigem conceder sem dilação

Tolerância não é algo ofertado

Quando você não pactua com a multidão

(cppp - 28/6/2015)

sábado, 27 de junho de 2015

Contradição

Queremos um amor de fantasias mil,
De intensidade constante, surpreendente.
Mas não o trabalho contínuo de fazê-lo.

Queremos um amor de romance perene,
De flores, bombons e sabor de manhãs...
Mas não o dissabor de reinventar a rotina.

Queremos um amor, dos grandes...

Mas não o preço de construí-lo.

(cppp - 27/06/2015)

4 de Julho

Uma nova bandeira, um novo amor
Um jeito novo de entender o outro
Um jeito novo de entender a si

A vida mudou, a língua mudou
O endereço e as paisagens mudaram
Literalmente se transportaram para outros mares

O pensar, talvez, se abriu...

Expandiu, dilatou com novos ares

(cppp - 27/06/2015)

Indriso

Inevitável não gracejar
Não duvidar da compreensão
Deste novo modo de poetisar

Rimando ou não, em dois tercetos
Incluíndo duas estrofes finais
Subvertendo, quase, os antigos sonetos

Obtemos este novo padrão peculiar

Seu nome ímpar e sem quartetos!

(cppp - 27/06/2015)

Vidas Passadas

Fui musa muito amada,
recitada e em prosa devorada.
Musa de inspiração constante
ou de apenas um breve instante.

Fui musa de amores virtuais,
de encontros distantes e desejos reais.
Musa também de corpo presente,
de uma beleza nua e de pudor ausente.

Vivi com toda intensidade
o variado elenco de possibilidades,
das fantasias marotas do coração.

Feneci para ficar na saudade,
desfrutando de uma lasciva liberdade
de me aprisionar nas memórias de cada paixão.

(cppp - 27/06/2015)

segunda-feira, 22 de junho de 2015

Inspiração

O que é inspiração?
Na língua do poeta
É o momento
Um suspirar
Uma emoção

É uma pedra no caminho
Um pássaro no ninho
Ou aquele que voou
Um banquinho, um violão...

É uma conversa provocante
Sobre qualquer nota
Pode até ser dissonante
Ou subverter a razão

Pode ser uma pausa
Um instante em suspenso
Um calar subto
Um duvidar do sentimento
Um suspeitar da ocasião

São dois segundos na idéia
Evocando memórias
concaternando delírios
ou parte de um estribilho
de uma antiga canção

São os arremedos de um bichano
Ou um sol no poente
Uma cor efervecente
Uma textura eferente
De uma antiga paixão

Pode ser também uma dor
Uma falta de sorte
Uma falta de cor
Algo que nos sabote
Como... a morte
Deixando-nos sem coração

Inspiração pode ser tudo
E qualquer coisa
Que provoque uma reação
Que ecoe uma contradição
Qualquer tipo de provocação
Uma débio e tênue alusão
Que seja desculpa plausível
Para urgir do poeta a ação!

(cppp - 22/06/2015)

domingo, 21 de junho de 2015

Kkkkkkk

Eu rio muito sim!
Por que da vida, as tristezas
já tem assento certeiro
Por que é das escolhas
a mais acertada e inteligente

Eu rio muito sim!
Por que me sobeja
este espírito faceiro
Por que vivo no presente
total, plena e intensamente

Eu rio muito...
Por que felicidade é
cada pequeno segundo
Que se soma num todo
de completude, de entendimento
Por permitir ao outro a satisfação
de partilhar de seu contentamento.

(cppp - 21/06/2015)

sábado, 20 de junho de 2015

Improviso

Algo que provoque
o riso, sem siso
Imagens esparsas
sem coerência
De um confabular
cheio de reticências
Que, aliás, adoro!
Talvez um juntar
de tantas irreverências
De algumas rimas baratas
expostas ao clichê
Sei lá o que combina com o quê!
Estou apenas brincando
Com palavras, provocando você...

(cppp - 21/6/2015)

Quem Sabe...

Onde está a poetisa?
Não sei.
Ficou em algum lugar
Ou talvez não veio...

Se está trancada?
Não sei.
Quem sabe apenas recolhida
Absorta no alheio...

Se voltará?
Talvez!
Esta é um possibilidade
Que está a ressoar, altissonante, no meu seio.

(cppp - 20/06/2015)