quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Mausoléo

Vim assoprar a poeira...
Mas resolvi rabiscar com o dedo
Nesta lápide virtual
Qualquer palavra, encantada
Que crie asas...
E voe nesta sala vazia
Fazendo eco neste espaço oco
Quem sabe não traga de volta
Os que aqui nunca estiveram...
Alguém? Hei!!! Grito fazendo zueira
Num acinte de rebeldia
Poetas?? Vivos ?!?!
Pergunto com ironia
Quero perturbar, incomodar mesmo
Ressuscitar de qualquer maneira
A poesia que pereceu
E cada poeta que desfaleceu
E se entregou à conveniente letargia.

(cppp 16/12/2015)

sábado, 26 de setembro de 2015

Saudade, Vai Entender...

Saudade do 'cês'
Vai explicar...
Gente que não conheço
Gente que nunca vi
Com exceção de dois ou três

Saudade que sinto
Ao menos pelo apreço
De partilharmos
Um gosto, algo em comum
De modo tão distinto

Saudade, como não?
Vai entender...
Mas talvez isto é tudo
Tudo que nos baste
Para explicar ao coração

Que fomos feitos
Para compartilhar
Para dividir a emoção
Mesmo que sejamos
Assim, não tão afeitos

(cppp - 26/09/2015)

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Vício

É aquele mania, aquela porcaria, aquela substância ou comportamento, até aquela droga de pensamento que domina a razão e a necessidade, que não te deixa passar vontade, que urge a qualquer custo a pronta saciedade.
E não importa se te faz aceito socialmente ou se te põe em voluntário banimento, largado num bueiro ou às escondidas num banheiro, num beco ou num quarto escuro e nojento.
Também tanto faz o motivo que você mascare e que te faz cativo... Se é por libertação sociocultural, para ser o tal, ou apenas reação à este tedioso, insustentável e claustrofóbico vazio existêncial.
Vício é a repetição sem trégua, sem clemência, sem inteligência, mas tão inevitável; tão detestável, mas tão irresistível; tão destrutiva, mas tão doce...
É mentir pra si o controle e o problema, com a desculpa esfarrapada "só por mais esta última vez". É essa idiotice que só te destrói a saúde, os sonhos, a crença, o futuro, a vida! Mas que você escolhe mesmo assim; mesmo! Até o fim...
Vício, é buscar o céu usando o inferno, sabendo que a viagem já se perdeu no começo do caminho.
É a peçonha, não só do benzeno, mas do ódio, do ressentimento, da falta de paciência e de compaixão que te faz vomitar toda esta tua bruta carência, exigindo a satisfação imediata de toda tua imatura insuficiência, intoxicando todo e qualquer relacionamento.
É aquele bagulho, aquela bagagem cheia de entulho, que na verdade não serve mais pra nada e que pesa uma tonelada, mas que você carrega, as vezes, pela vida; ...cheio de marcas doloridas, mas que você justifica, mentindo uma sensação colorida.
Vício... seria bom não tê-los, mas então, como sabê-los? E cada qual com seu cada um. Conversa de doido? Sei lá, talvez.  Afinal, não me leve a mal, mas não há um neste mundo com total lucidez. Então... tá ligado? Se envenena o corpo ou tão somente o pensamento, apenas admita sem grilo, sem ser fajuto e sem bancar o careta, que todos temos, nesta vida, a porcaria de pelo menos um: vício!

(cppp - 06/09/2015)


quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Saíndo de Cena

Diferentes...
Que bom, somos.
Eu, pelo menos
acho bom.
Interessante
entretando
fomos feitos 
para os pares.
Em algum momento
precisamos
nos ver similares.
Não é sempre
mas há de se ouvir
algum eco...
Ter algum respaldo
um elogio que
massageie o ego.
Senão, entender e
admitir sem agravo:
não bateu, não deu...
Nem tudo é 
na mesma intensidade
para todos.
Há de se entender
as diferenças...
Sem se desfazer
das semelhanças.
Sem se prender 
as expectativas.
Sem se ofender
com as prerrogativas.
As vezes a grandeza
está em retrair
simplesmente sorrir
e sair de cena.

(cppp - 02/09/2015)

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Canção da América

de Milton Nascimento e
Fernando Brant que fez a versão em português


Amigo é coisa pra se guardar
Debaixo de sete chaves,
Dentro do coração,
assim falava a canção que na América ouvi,
mas quem cantava chorou ao ver o seu amigo partir,
mas quem ficou, no pensamento voou,
com seu canto que o outro lembrou
E quem voou no pensamento ficou,
com a lembrança que o outro cantou.
Amigo é coisa para se guardar
No lado esquerdo do peito,
mesmo que o tempo e a distância, digam não,
mesmo esquecendo a canção.
O que importa é ouvir a voz que vem do coração.
Pois, seja o que vier,
venha o que vier
Qualquer dia amigo eu volto a te encontrar
Qualquer dia amigo, a gente vai se encontrar.

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Só de Sacanagem

de Elisa Lucinda

Meu coração está aos pulos!

Quantas vezes minha esperança será posta à prova?
Por quantas provas terá ela que passar? Tudo isso que está aí no ar, malas, cuecas que voam entupidas de dinheiro, do meu, do nosso dinheiro que reservamos duramente para educar os meninos mais pobres que nós, para cuidar gratuitamente da saúde deles e dos seus pais, esse dinheiro viaja na bagagem da impunidade e eu não posso mais. 
Quantas vezes, meu amigo, meu rapaz, minha confiança vai ser posta à prova?
Quantas vezes minha esperança vai esperar no cais?
É certo que tempos difíceis existem para aperfeiçoar o aprendiz, mas não é certo que a mentira dos maus brasileiros venha quebrar no nosso nariz. 
Meu coração está no escuro, a luz é simples, regada ao conselho simples de meu pai, minha mãe, minha avó e os justos que os precederam: "Não roubarás", "Devolva o lápis do coleguinha", "Esse apontador não é seu, minha filha". Ao invés disso, tanta coisa nojenta e torpe tenho tido que escutar. 
Até hábeas corpus preventivo, coisa da qual nunca tinha visto falar e sobre a qual minha pobre lógica ainda insiste: esse é o tipo de benefício que só ao culpado interessará. Pois bem, se mexeram comigo, com a velha e fiel fé do meu povo sofrido, então agora eu vou sacanear: mais honesta ainda vou ficar. 
Só de sacanagem! Dirão: "Deixa de ser boba, desde Cabral que aqui todo mundo rouba" e vou dizer: "Não importa, será esse o meu carnaval, vou confiar mais e outra vez. Eu, meu irmão, meu filho e meus amigos, vamos pagar limpo a quem a gente deve e receber limpo do nosso freguês. Com o tempo a gente consegue ser livre, ético e o escambau." 
Dirão: "É inútil, todo o mundo aqui é corrupto, desde o primeiro homem que veio de Portugal". Eu direi: Não admito, minha esperança é imortal.
Eu repito, ouviram? Imortal! Sei que não dá para mudar o começo mas, se a gente quiser, vai dar para mudar o final!

domingo, 13 de setembro de 2015

Desculpas...

Não sei se sei falar de amor
Mas... talvez o que não sei é
Como desvincular isto da dor

Também não sei falar disto
De forma frívola e superficial
Acredito é algo denso e especial

Não sei se mereço tal proeza
Amor é um princípio muito nobre
E meu altruísmo ainda é muito pobre

Também, perdoe-me meu deslize
Porque acredito, amor não é objeto
Então, não é apenas isto, ou disto

Amor é mais que paixão de momento
É um íntimo e dedicado relacionamento
Que começa e refina primeiro a mim

Para que eu possa sempre ter você
Suas prioridades e sua felicidade
Em primeiro e não depois ou no fim

(cppp - 30/08/2015)

sábado, 12 de setembro de 2015

Tocando em Frente

de Almir Sater e Renato Teixeira

Ando devagar
Porque já tive pressa
E levo esse sorriso
Porque já chorei demais
Hoje me sinto mais forte
Mais feliz, quem sabe
Só levo a certeza
De que muito pouco sei
Ou nada sei

Conhecer as manhas
E as manhãs
O sabor das massas
E das maçãs
É preciso amor
Pra poder pulsar
É preciso paz pra poder sorrir
É preciso a chuva para florir

Penso que cumprir a vida
Seja simplesmente
Compreender a marcha
E ir tocando em frente
Como um velho boiadeiro
Levando a boiada
Eu vou tocando os dias
Pela longa estrada, eu vou
Estrada eu sou

Conhecer as manhas
E as manhãs
O sabor das massas
E das maçãs
É preciso amor
Pra poder pulsar
É preciso paz pra poder sorrir
É preciso a chuva para florir

Todo mundo ama um dia
Todo mundo chora
Um dia a gente chega
E no outro vai embora
Cada um de nós compõe a sua história
Cada ser em si
Carrega o dom de ser capaz
E ser feliz

Conhecer as manhas
E as manhãs
O sabor das massas
E das maçãs
É preciso amor
Pra poder pulsar
É preciso paz pra poder sorrir
É preciso a chuva para florir

Ando devagar
Porque já tive pressa
E levo esse sorriso
Porque já chorei demais
Cada um de nós compõe a sua história
Cada ser em si
Carrega o dom de ser capaz
E ser feliz

sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Calando de Amor

Falar de amor?
Talvez eu seja demais realista
Minha cabeça é de analista

Já tenho alguma vivência
E me rio desta pseudo inocência
De quem gosta de confundir

Paixão se declara e é colorida

Amor é dolorido e a alma cala

(cppp - 28/08/2015)

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Solidão

de Chico Buarque de Holanda 

Solidão não é a falta de gente para conversar, namorar, passear ou fazer sexo... 
Isto é carência!
Solidão não é o sentimento que experimentamos pela ausência de entes queridos que não podem mais voltar...
Isto é saudade!
Solidão não é o retiro voluntário que a gente se impõe, às vezes para realinhar os pensamentos... 
Isto é equilíbrio! 
Solidão não é o claustro involuntário que o destino nos impõe compulsoriamente... 
É um princípio da natureza!
Solidão não é o vazio de gente ao nosso lado... 
Isto e circunstância!
Solidão é muito mais do que isto... 
Solidão é quando nos perdemos de nós mesmos e procuramos em vão pela nossa alma. 

Delírio

de Olavo Bilac

Nua, mas para o amor não cabe o pejo
Na minha a sua boca eu comprimia.
E, em frêmitos carnais, ela dizia:
– Mais abaixo, meu bem, quero o teu beijo!

Na inconsciência bruta do meu desejo
Fremente, a minha boca obedecia,
E os seus seios, tão rígidos mordia,
Fazendo-a arrepiar em doce arpejo.

Em suspiros de gozos infinitos
Disse-me ela, ainda quase em grito:
– Mais abaixo, meu bem! – num frenesi.

No seu ventre pousei a minha boca,
– Mais abaixo, meu bem! – disse ela, louca,
Moralistas, perdoai! Obedeci...

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Confabulações

Cara, eu sou assim...
Sou intensa, vamo fazê, vamo acontecê,
Vamo por pra andá, vamo agitá,
Bora pra frente, é lá onde a vida tá!!
O que ou quem não quer, paciência
Há de se entender ou deixa pra lá!
É, me acompanhar não é fácil...
Mas se você puder, cola aí, e vêm.
Vem viver o que é possível.
Permita ao sonho ser factível.
Deixe o toque ser acessível.
Deixe o momento, neste instante,
acontecer e ser feliz, ainda que seja
num detalhe ou por um triz.
Pára de querer resolver o que já foi,
Pára de arrastar este passado e vem.
Liberte o hoje para acontecer
E permita-se a intensidade de viver.
Mas... Se não puder chegar,
Não for possível me acompanhar,
Aos menos me siga com teu carinho
E mesmo a distância, torça por mim.
Quem sabe o nosso caminho
Ainda não se cruza no fim...

(A linguagem bem coloquial foi a propósito. cppp - 26/08/2015)


domingo, 6 de setembro de 2015

Viúva Negra

Eu sou uma fera
Ou um furacão
Ares de leõa
Meio camaleõa
Posso ser teu inferno
Ou um amor de pessoa

Sou seu docinho
Ou seu benzinho
Um anjo do céu
Dos lábios de mel
Ou destilar veneno
Servido com fel

Posso te ser tudo
Sem querer nada
Te torturar silente
Te devorar calada
Seduzir-te inclemente
Sem ficar culpada

Sou abusada
Meio tarada
Sou teu sonho
Ou teu pesadelo
Tudo depende
Se és só meu
Em total desvelo

(cppp - 24/08/2015)


sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Farsa Poética

Um poema,
As vezes expõe o que a alma sente
Mas por vezes apenas mente
E por que mentiria?
Para fugir da intensidade
Para tentar calar uma verdade
Reprimindo a realidade...
Ou apenas para fazer de conta
Para preencher uma falta
Para fingir o que não se tem
Pelo menos num mísero segundo
Sentir a emoção de algum bem...
E talvez minta apenas por reação
Esquivando-se do medo da rejeição
O poeta,
As vezes expõe seu coração
Mas por vezes apenas as dissimulações da mente

(cppp - 23/08/2015)

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Fuga Inútil

Cadê você...
Por que me deixa assim a espera?
Por que não me livra do castigo,
De contar os minutos de tua ausência?

Cadê você...
Cuja a saudade me é tão severa,
Deixando meu coração sem abrigo,
À mercê de toda esta minha carência.

Ah, porque me torturas assim?
Cada segundo longe de ti é infinito,
Privando-me do que mais necessito.

Por favor não fujas mais de mim...
Sei que me possuis em teu imaginário
E só em mim teu prazer não será solitário.

(cppp - 23/08/2015)

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Na Beira da Praia

Morar à beira da praia
É certamente privilégio
Ser vítima deste sortilégio
Que a natureza oferece
Numa infinita beleza
Orquestrada com destreza

Muito difícil encontrar
Espaço para a monotonia;
E definitivamente não há
Chance para a monocromia
Cada dia é único, é singular
Desde o amanhecer até o luar
E faz a gente se sentir especial

Como faz bem aos sentidos:
O cheiro da brisa do mar,
O som das ondas a quebrar,
A textura da areia nos pés
Mergulhar naquele azul abissal
E até aquele gosto de sal!

E mesmo num dia nublado
O mar se faz bem intrigante;
Mesmo ao simples observador,
Não apenas ao navegante.
Desafiando a decifrar na paisagem,
Entre céu e mar a miragem,
Quando brincam com espelhos.

Ah... e naquele horizonte sem fim
Deixar a mente voar, se perder,
Sonhar... sem se comprometer,
Apenas para reconhecer o prazer:
Ah que delícia, que revigorar...
Poder na beira da praia morar!

(cppp - 22/08/2015)

terça-feira, 1 de setembro de 2015

Outono

As folhas começam a cair
Sinalizando a mudança
Trazendo uma desconfiança
Talvez seja mesmo a hora
De cessar, de não mais resistir

Os ventos começam a soprar
Mais fortes, mais insistentes
Derrubando as mais resistentes
Das folhas, dos argumentos
Para que seja possível o recomeço

As cores ficam mais quentes
Mas é caprichosa dicotomia
Da natureza, verdadeira ironia
Pois tudo ao redor vai esfriando
Menos as esperanças das gentes

Mas toda esta transição
Não é feita de improviso
É processo de tempo preciso
Para que possamos assimilar
Que morrer é vital
Para possibilitar a renovação

(cppp - 19/08/2015)

segunda-feira, 17 de agosto de 2015

O Pão Nosso

E então, vamos pra cozinha de novo?
Hoje vamos fazer pão, mas sem ovo.
Minha receita é simples, bem em conta,
Mas fica deliciosa depois de pronta.

Fazer pão é coisa antiga, é paixão,
Coisa de família... quase religião.
Uma receita de minha mãe, preciosa,
Apurada com o tempo, virtuosa.

Já tive máquina e não teve graça.
Gosto é de meter a mão na massa.
É mais do que só sovar, é um ritual,
De transformação... quase espiritual.

Afinal, pão é comida muito antiga;
É do milagre, o que a fome mitiga.
É mais que alimento, é companhia,
Trazendo conforto que a alma sacia.

Comida conforto também para mim,
Não sei bem o porquê, mas é assim...
Qualquer sabor e caseiro, sem exceção;
Do forno, quentinho, cura até depressão.

Alguma explicação poderia ser
Que cresci vendo minha mãe fazer;
E quando o cheiro de pão a casa invade,
Sinto-A perto, de novo, e uma felicidade...

Sexta-feira o pão fresco era sagrado,
Para que o fim de semana fosse celebrado;
Ah... que sabor de infância incrível...
Cada fatia é tornar a recordação tangível!

Hoje repito mais do que a receita,
É quase doutrina, que reafirmo satisfeita;
Pois mesmo nos tempos de privação,
Uma coisa nunca nos faltou: o pão.

(cppp - 17/08/2015)

domingo, 16 de agosto de 2015

Tempestades de Verão

De repente o céu escureceu
Pesado mesmo, qual breu
Nem parecia meio do dia

Mais uma daquelas tempestades
De verão, que vem de supetão
Trovejando com rebeldia

Em cinco minutos o céu todo cai

Mas assim como veio, tão logo se vai

(cppp - 16/08/2015)

quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Coisa Boa

Colo de mãe
Ouvir aquela música
Ingressos na primeira fila
Ser reconhecido
Acordar de férias
Biscoitinhos da vovó
Ouvir um elogio
Achar o que estava perdido

(cppp - 13/08/2015)


quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Mágoas

Como sinto saudades
De casa, de mim, do meu lugar
Da boa música, da orquestra, cantar...
De ser ouvida sem grosserias
De poder me expressar e ser entendida

As vezes me faz falta
Uma conversa boa, inteligente
De trocar uma idéia diferente
Sem censuras, senões e sermões
Sem ter que pensar cada palavra

Ah quanta nostalgia
Daqueles que me tinham afeto
Que me guardavam no peito
Que viam minhas qualidades
Que morriam de saudades...
E de mim gostavam de qualquer jeito

Como sinto falta
De alguém que me queira
Por perto, de forma verdadeira
Que me veja como algo bom
Que me guarde no coração...
...já estou farta de tanta rejeição...

(cppp - 12/08/2015)

terça-feira, 11 de agosto de 2015

Mexendo o Doce

Hoje fiz um doce! Sim!
Não há o que me motive mais.
Esse é meu passatempo...
Ih, tenho receitas demais!
Se cozinhasse por cem anos
Não chegaria no fim.

Manias... de colecionar coisas
Pra se fazer, pra se comer...
Que é pra ver se a vida melhora.
Vai me dizer que, da vida,
Este não é um grande prazer?
Tem até nome chic: gastronomia.

Ah... adoro da culinária,
Toda aquela fantástica alquimia.
E todas aquelas especiarias?
É o paraíso na ponta da língua!
Uma pitada disso, duas daquilo,
Mexe, mexe e vualá. Lá está!

Ê, mas peraí, mais devagar;
Há de se ter alguma dedicação.
Tem que misturar muito bem
E mexer o doce com cuidado.
Tudo que nesta vida é bom,
Há de ser feito com o coração.

Hmmm... Mas que delícia!!
Mexe com meus sentidos...
Prazenteira já estou a imaginar,
O sabor e também a reação
Gostosa daqueles, privilegiados,
Que terão o prazer de provar.

Não, não seria por profissão,
Acho que perderia o tesão,
Mas adoro, amo, cozinhar...
Sem muita complicação,
Por isso me apetecem os doces,
Que ajudam, a vida, adoçar.

O de hoje, foi bem simples:
Uma geléia de manga,
Que pano pra manga dá.
Opa! Põe fogo nisso e
Mexa muito bem para apurar,
Chegar no ponto. Pronto.

Mas, não fique aí aguando,
tá, o quê, esperando?
"Bora" mexer o doce!!
Que a vida não vai esperar...
E se você me der licença,
Eu tenho mais o que saborear!

(cppp - 11/08/2015)

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Amor Secreto

Ah... um alguém com carinho,
No meu coração roubou um cantinho,
Escondido, reservado, bem guardado.

Nem eu sabia há quanto tempo,
Me surpreendi... muito antigo,
Na memória, querido, entesourado.

Preciosa confidência... é secreto!
Sempre foi assim, muito, muito discreto.

E permanecerá velado, não perderá a cor...
Para que até o fim, continue sendo amor.

(cppp - 10/08/2015)

O Amanhã

Ah o amanhã...
Tão promissor
Tão assustador
Tomará não se repita
Ao menos, a dor de hoje

Tão desafiador
Tão inclemente
Subtraíndo vai
Por bem ou por mal
O tempo presente

Teus mistérios
Quem me dera
Antecipá-los
Mas então se perderia
Todo sabor de sonhá-los

Ah o amanhã...
Queria não fosses
Do hoje tão
Influente e exigente
Com as escolhas da gente

Queria chegar
Só por um dia
Te alcançar e
Não me arrepender
Do que ontem não sabia

(cppp - 10/08/2015)

domingo, 9 de agosto de 2015

Amor Secreto II

Ah... um alguém com carinho, bem guardado;
De antiga e preciosa memória, entesourado.
E é tudo que vou confidenciar... é secreto!
...Ou deixará de ser amor...

(cppp - 09/08/2015)

Hipocrisia

Se não fosse patético seria ironia
O individuo plantou só grosseria
Dissimulação, mentira e rebeldia

Confunde chance e misericórdia
Com libertinagem e salabórdia
Acredita, Deus não vê tal mixórdia

Mas nesta vida, quer você acredite ou não

Você colherá o que cultivar na sua plantação

Chuva de Verão

Por vezes minha imaginação pueril
Corre solta na torrente do pensamento,
Levando-me num confabular infantil,
Sobre o céu que está a desabar lá fora.
E um fértil e maroto questionamento
Insiste quais as gotas da tal chuva:
Não se daria, por ventura, ao caso
De que a mãe-natureza, generosa,
Estaria apenas a derramar o vaso
De toda lágrima triste e chorosa,
Que ao céu acendemos qual prece
Quando nossa alma se desfalece?
E com a imaginação encharcada
De uma inocência já até esquecida,
Vou juntando as gotas, os elementos,
Compondo o argumento, convencida:
Nenhuma lágrima passa despercebida
E com o maior cuidado é recolhida,
Naquele imenso odre azul infinito.
Pela natureza, mãe, mas espirituosa,
Até encher, atingir, do céu, o limite;
Nos devolvendo em forma de benção,
Feito bendito, na chuva que cai copiosa.
Mas como disse, isto é puro devaneio,
Entretanto estou feliz com meu palpite,
De minha imaginação, simples, de criança
Gracejando, leve e solta, com a chuva,
Numa tarde preguiçosa de veraneio.

(cppp - 09/08/2015)

sábado, 8 de agosto de 2015

Ao Meu Pai Com Carinho

Queria escrever uns versinhos
Assim com toda a emoção
E dizer ao meu paizinho
Do fundo do meu coração

Pai obrigada por existir
Por ter sido um homem presente
Por tudo superar e resistir
Apenas pra me ver contente

Obrigada por cada sacrifício
E também pela correção
Foi pra mim de muito benefício
E saiba, eles não foram em vão!

Por, por mim, interceder
Por me ensinar no Caminho
E por me deixar escolher
Obrigada! Com todo carinho...

Obrigada por ter sido forte
Por não ter sido tão perfeito
E por ter me dado seu suporte
Quando caí em algum defeito

Ah sim, por sua paciência
Um obrigado dramático!
Pelo exemplo de resiliência
A me ensinar de modo prático

Obrigada por sua importância
Em minhas felizes memórias
Tão saudáveis da infância
De algumas, divertidas, histórias

Obrigada por sua tolerância
E por seu amor profundo
E saiba que mesmo a distância
Eu te amo, amo, amo
Com maior amor do mundo!

(cppp - 08/08/2015 - Para Gerson Benedito Prado)

Papelão da Vida

Tudo empacotado, fechado,
Em caixas de papelão
E a vida estagnada, sem rumo,
Pelo fechar da porta de sopetão.

A novidade de subto envelheceu.
Tudo que fora arquitetado,
De um futuro a muito acalentado,
Simplesmente pereceu.

As esperanças evadiram,
Pelo menos por agora saíram
Porta afora sem dizer adeus.

Alojou-se um tom soturno
E perguntas em cada turno,
Ecoando pelos aposentos vazios
Não só da casa, mas da idéia.

Difícil assimilar a mudança brusca
Ou recomeçar, reencontrar, a busca
Por quem viu o sonho ruir,
Restando uma caótica odisséia.

O tempo se tornou moribundo,
De repente se encolheu o mundo...
E a vontade se trancou, nalguma caixa.

Por hora nada faz sentido,
Rumo de quê, onde, porquê?
É tudo que restou no pacote...
Incertezas e um coração abatido.

E a vida... segue empacotada;
Macabunzia, fechada, calada...
Apenas a catar os cacos, da alma, do chão;
Sem querer, por agora, se abrir à razão.

(cppp - 08/08/2015)

segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Parabéns pra Mim

Hoje estou de folga
De folga das minhas cobranças
Dos limites que impus a mim mesma
Ou dos alvos que, rigorosa, determinei

Hoje estou de folga
Tendo só de mim as boas lembranças
E não me traga nenhum abantesma
Tentativa inútil, há tempos os apaguei

Hoje quero poder me dar os parabéns
Quero recapitular o gosto da vitória
Quero poder reafirmá-la na memória

Só por hoje vou merecer todo bem
Quero me orgulhar muito de mim
E reafirmar, comigo, um amor sem fim

(cppp - 03/08/2015)

domingo, 2 de agosto de 2015

Lapso Criativo

(Encolhimento)

Em frente da tela
Mas olhando pela janela
Fitando por horas o nada
Completamente alienada
Me peguei absorta, parada
Perdida contando vazios
Numa teia longa e sem fios...
Procurando no pensamento
Um lugar, um momento
Quem sabe naquele aposento
Uma imagem perdida
Uma sinapse atrevida
Algo legal, fatal ou venal
Quem sabe bem original!
Sim, na caixa das memórias
De surpreendente histórias?!
Algo para escrever, criar
Um texto denso, peculiar
Mas não, não existe nada lá...
Nada que seja de proveito
Que crie algum conceito
Ou dicotomias de raro efeito
A evocar um amor perfeito...
Tudo sumiu, fugiu, me sabotou
Sem titubear me abandonou
Acabou, congelou, vai saber
Sei lá onde foi se escondeu
Ante a exposição desfaleceu
A timidez, acho, prevaleceu
Ou talvez, assim, realmente
A imaginação ficou ausente
E se foi, vagou, infelizmente...
Cedi, então, incorformada
E de mim mesma, vitimada
Cismada protestei: que seja!
Há por vezes de se aceitar
Impossível a tudo experimentar
A ignorância pode se instalar
E quando assim se apresentar
O melhor mesmo é calar!

(cppp - 02/08/2015)

sábado, 1 de agosto de 2015

Malcriação

Há quem não goste de nada rimado
Ateus da poesia... seriam? Talvez...
Avessos a qualquer combinação
De palavras, de sons, de ritmo
Qualquer cadência que se repita
Naquilo denominado poema
Mas enfim, cada um que entenda
A expressividade do seu mundo
Um de nós certamente está
Na contramão ou no reverso
Particularmente, pra mim, seria...
Como viver num filme mudo
Ou numa paisagem sem cor
Numa dimensão sem textura
A degustar algo sem sabor
Ah!! Quase consegui! Que pena...
Você está, de novo, decepcionado
Mas vou me rir alto e demorado
De minha maldade quase literária
E desta ousadia mercenária!

(cppp - 01/08/2015)


sexta-feira, 31 de julho de 2015

Desilusão

É o voltar do desenbarque sozinho
É encontrar-se solitário no caminho
É ser trocado por algo mesquinho

É pensar ter todas as respostas
E se ver no vazio, sem propostas
É quando todos te viram as costas

É revirar-se procurando do meio do nada

É ter o sonho perdido e a porta tracada

(cppp - 31/08/2015)

Na Sala de Espera

Ah...! Este tempo que não passa!
Parece que tudo se arrasta ou pára
E o atropelo das dúvidas se dispara
Pondo em colapso todo o pensamento

Onde estava mesmo a razão?
Qual era o caminho da solução?
Existe algo diferente do "não"?
Parece que nada encontra dicernimento

Na sala de espera a coragem padece
A coerência... a lógica... a fé fenece!
Esmorecem num silêncio frio e palpável

Na sala das decisões desta vida
Por vezes a espera é longa e descabida
Mas molda, em nós, um caráter inexorável

(cppp - 31/07/2015)

quinta-feira, 30 de julho de 2015

Provocação

Que tal uns versinhos rápidos?
Assim, bem despretensiosos e  simpáticos,
Só pra animar este povo, meio sorumbático?!

Pode ser umas bichices ou algo bobinho...
Desde que seja pensado com carinho,
Falando de amores, de rosas ou de espinhos.

Então, o que acha da minha proposta?
Vai me dizer que você não gosta,
E que tudo não passa... da próxima rima!?!

Aaahh! kkkkkk, sacaneei e te peguei!
Mas era só pra bagunçar, brincar, hei...
Só pra te jogar o astral pra cima.

(cppp - 30/07/2015)



A Chave do Meu Coração

Pra conquistar meu coração
Não, não precisa roubar a lua
Nem aprisionar o tempo
Ou inventar algum elemento
Para me arrebatar à você
Não, isto já ficou clichê

É um correr atrás do vento
Esta obsessão pelo original
Como se apenas o transcedental
Fosse durar mais que um momento
E garantir algum envolvimento
E num elo eternal me prender a você

Também não me ponha nua
A te provocar as vontades
Apenas pra te saciar o desejo
Se valendo da paixão como manejo
Queiras-me como ser, livre, pessoa
De um livre-arbítrio que o teu ecoa
E não como um objeto de estimação

Pra conquistar meu coração
Não existe nenhum segredo
Não precisa decifrar o enigma
Nem entender o paradigma
Comece me olhando nos olhos
Como um afago, sem pretensão

Abrace-me com tua paciência
E me escute com eloquência
Deixe-me dizer dos meus sonhos
Conquistas, sabores e segredos
Ouça o silêncio dos meus medos
E me acolha com carinho

Isto tudo é muito simples
Não carece nenhum adivinho
Colocando de forma resumida:
Pra que sigamos sempre
E no mesmo caminho, pela vida
Eu preciso, apenas, ser ouvida

(cppp - 30/07/2015)

quarta-feira, 29 de julho de 2015

As Flores do Caminho

As flores amarelas, tão singelas...
E tagarelas, sim, tagarelas!
Sua beleza e seu carinho
Estão a falar tão alto
Que tomam de sobressalto
O transeunte incauto
Que se atreve a cruzar seu caminho.

As flores amarelas, tão generosas...
Singram vaidosas e garbosas
Vão espalhando sua cor
Ocupando os jardins, faceiras
Enchendo os vasos nas soleiras
Invadindo o olhar da gente
Oferecendo-se livres e sem pudor.

As flores amarelas, tão comuns...            
Não se revelam a qualquer um
Há de se traduzí-las com sentimento
Senão passarão despercebidas
E suas dádivas murcharão, perdidas
Dádivas de plantar um sorriso na alma
E de nos perfumar o pensamento.

(cppp - 29/07/2015)


terça-feira, 28 de julho de 2015

Lavando a Alma

Lá vão as lavadeiras
Faceiras, descendo a ladeira
Equilibrando não só a trouxa
Mas os encardumes da vida
Numa tagarelice frouxa
Que escorre ladeira abaixo
Escoando o peso da lida

Lá vão elas de novo
Gente simples, do povo
Para a beira da água
Para lavar e alvejar os panos
E talvez os dissabores humanos
Em meio a risos sem pudores
Enxaguando bem toda mágoa

Ah... estas lavadeiras
Que não temem a labuta
Prazenteiras, enfrentam a luta
E se põem a esfregar energéticas
Numa coreografia e dança frenéticas
Até que as manchas da alma
Cedam, e tudo esteja a quarar

E lá vão elas outra vez
Sem se importar com a  ladeira
Subindo um degrau por vez
Como quem vai em procissão
Pois cumprida foi a missão
E lavaram não só a roupa
Mas limparam o coração

(cppp - 28/07/2015)

terça-feira, 21 de julho de 2015

Corações Ordinários

Tenho pavor!
De um coração pequeno
Que não arrisca, que não ousa
Que só se atreve às certezas
Que de tudo exige perfeita clareza

Tenho receio...
Destes que nunca mudam
Que jamais tentam o novo
Que se acomodam num mesmo sabor
Que sempre elegem a mesma cor

Que horror!
Uma alma sem um viver pleno
A exigir garantia de toda cousa
Presa no previsível e sem leveza
Fadada ao ceticismo de toda beleza

Tenho pena...
Dos iludidos com o perfeito... acudam!
Que ao pensar não permitem renovo
Que se ressentem de qualquer dissabor
Que não se doam sem um contrato de favor

Sim, tenho pena...
Porque estes são os mesmos sonhadores
Que acaletam lá no recondito do pensamento
Um alguém, um bem, um relacionamento
Que doe, doe, doe, doe!! ...e nunca traga dor
E ao Outro demandam como único responsável
Por este tão exigido: verdadeiro amor.

(cppp - 21/07/2015)

Mudanças

E lá vou eu de novo
Ou melhor
Desta vez vamos nós
Vamos encaixotar
O presente
Num breve instante algós
Empacotando bem
As esperanças
Como precioso pertence...
Embalando com cuidado
A coragem
Este tesouro inestimável
Vamos em busca
Do futuro
E seu chamado inadiável
Para outra mudança
De tudo
Que não mais convence...
Para dar uma sacudida
Nas certezas
De aura permanente
Para dar uma chance
Às possibilidades
Da oportunidade surpreendente
E lá vamos nós
Na conquista da vida
E da beleza de vivê-la intrepidamente!
(cppp - 21/07/2015)

domingo, 12 de julho de 2015

Biscoitinho

Panther: minha Maine Coon
Você é minha companheirinha
Minha doçura, meu biscoitinho
Uma bola de pelo e um poço de preguiça
Mas tem lá suas surpresas e peraltices

Na verdade, não tens nada de "inha"
Teu coração é grande e não é mesquinho
Um gigante gentil, como o diz tua raça
De profusão de ternura e denguices

Você é o meu surto de fofura
O meu riso, minha emoção mais pura
É a minha sanidade em meio a loucura

Você é minha gata, a segunda bichana
De uma amizade leal, cotidiana
E por vezes duvido se não és humana

(cppp - 11/07/2015)

sexta-feira, 10 de julho de 2015

Resposta

Persista, não desista! Ó alma de poeta, insista!
Ainda só mais um passo, mesmo que débil e trôpego
Ainda num último fôlego... valerá a pena!

Não, não te entregues! Por favor, não renegues...
Isto que jaz intrincadamente tecido, amalgamado
Em tua psique, que te faz poeta, que é você!

Sim, a inspiração por vezes nos capitula...

Só para nos testar, se somos dignos de sua ventura.

(cppp - 10/07/2015)

domingo, 5 de julho de 2015

Por Amor

Por Amor? 
Não o que eu faria, mas o que fiz. 
Deixei tudo para trás, me livrei de todas as amarras, até aquelas mais preciosas a que nos prendemos voluntariamente, como amigos chegados, o animal de estimação ou as sobrinhas, uma ainda não nascida, mas tão esperada... Não crescerão comigo, da vida delas eu realmente não participarei, não estarei por perto... Comigo, a vida real, não dividirão. 

Por Amor?
Aguentei cada despedida, cada reação desmedida de incompreensão, e por algum tempo uma vida monástica de bastante solidão. Arquei com o peso bruto da saudade que se instalava em medida dobrada, uma pelos sonhos que ainda seriam e, outra, pelos queridos que do meu convívio partiriam. Suportei o despedir-me de mim mesma e daquilo que para mim era tanto, como uma profissão de renome... calei até meu canto. 

Por Amor?
Fiz a mala, condensei ao máximo os tesouros da alma na memória e apenas uns poucos pertences nuns pacotes. Isto era tudo que poderia ser... E me joguei, sem olhar pra trás, me atirei mesmo para uma outra vida, num outro país, despindo-me de qualquer certeza. Parti todo o meu orgulho em pedaços tão pequenos, que ficaram reduzidos ao pó; e aceitei os títulos mais baixos, o não pertencer, a rejeição e o doloroso reconceber de mim mesma, apenas para viver um amor... e sem nenhuma garantia de ser feliz. 

Por Amor?
O que eu faria por Amor? Tudo! Tudo o que já fiz!

(cppp - 06/07/2015)

quinta-feira, 2 de julho de 2015

Para ser poeta

Já disse alguém certa vez
Que um poeta, dos bons, é sofredor
E eu concordo sem contestar o autor

O poeta é mesmo um eterno padecedor
Sofre a saudade, a distância, a injustiça
Padece de desilusão, de paixão e de amor

Padece até de uma dor postiça

Se, eventualmente, lhe faltar a dor.

(cppp - 2/7/2015)

terça-feira, 30 de junho de 2015

Envelhecer

O mais triste de se envelhecer
Não sãos as rugas ou a opacidade da tez
Não são as cãs ou a flacidez

O mais triste de se envelhecer
É ter ano após ano um incremento
Desta melancolia, deste sofrimento

Que nos arrebata alma e lucidez

Ao termos de nossos queridos, desta vida, o banimento.

(cppp - 30/06/2015)

segunda-feira, 29 de junho de 2015

Condolências

Foto/fotógrafo: Estefenson Prado.
Um dia triste, num quarto escuro...
O cinza monótono através da janela,
apenas reflete minha palidez de alma.

Na finitude da vida, um golpe duro.
Uma saudade dolorida se sequela,
em corações entranhados ao meu.

Na dor deles e de mais uma despedida,

Fico, voluntariamente, do pesar acometida.

(cppp - 29/06/2015)

domingo, 28 de junho de 2015

Pretensão

Não espere popularidade
Ou um ecoar de concordância
Quando sua opinião estiver na contramão

Não almeje simpatia
E nem mesmo a mesma caridade
Que te exigem conceder sem dilação

Tolerância não é algo ofertado

Quando você não pactua com a multidão

(cppp - 28/6/2015)

sábado, 27 de junho de 2015

Contradição

Queremos um amor de fantasias mil,
De intensidade constante, surpreendente.
Mas não o trabalho contínuo de fazê-lo.

Queremos um amor de romance perene,
De flores, bombons e sabor de manhãs...
Mas não o dissabor de reinventar a rotina.

Queremos um amor, dos grandes...

Mas não o preço de construí-lo.

(cppp - 27/06/2015)

4 de Julho

Uma nova bandeira, um novo amor
Um jeito novo de entender o outro
Um jeito novo de entender a si

A vida mudou, a língua mudou
O endereço e as paisagens mudaram
Literalmente se transportaram para outros mares

O pensar, talvez, se abriu...

Expandiu, dilatou com novos ares

(cppp - 27/06/2015)

Indriso

Inevitável não gracejar
Não duvidar da compreensão
Deste novo modo de poetisar

Rimando ou não, em dois tercetos
Incluíndo duas estrofes finais
Subvertendo, quase, os antigos sonetos

Obtemos este novo padrão peculiar

Seu nome ímpar e sem quartetos!

(cppp - 27/06/2015)

Vidas Passadas

Fui musa muito amada,
recitada e em prosa devorada.
Musa de inspiração constante
ou de apenas um breve instante.

Fui musa de amores virtuais,
de encontros distantes e desejos reais.
Musa também de corpo presente,
de uma beleza nua e de pudor ausente.

Vivi com toda intensidade
o variado elenco de possibilidades,
das fantasias marotas do coração.

Feneci para ficar na saudade,
desfrutando de uma lasciva liberdade
de me aprisionar nas memórias de cada paixão.

(cppp - 27/06/2015)

segunda-feira, 22 de junho de 2015

Inspiração

O que é inspiração?
Na língua do poeta
É o momento
Um suspirar
Uma emoção

É uma pedra no caminho
Um pássaro no ninho
Ou aquele que voou
Um banquinho, um violão...

É uma conversa provocante
Sobre qualquer nota
Pode até ser dissonante
Ou subverter a razão

Pode ser uma pausa
Um instante em suspenso
Um calar subto
Um duvidar do sentimento
Um suspeitar da ocasião

São dois segundos na idéia
Evocando memórias
concaternando delírios
ou parte de um estribilho
de uma antiga canção

São os arremedos de um bichano
Ou um sol no poente
Uma cor efervecente
Uma textura eferente
De uma antiga paixão

Pode ser também uma dor
Uma falta de sorte
Uma falta de cor
Algo que nos sabote
Como... a morte
Deixando-nos sem coração

Inspiração pode ser tudo
E qualquer coisa
Que provoque uma reação
Que ecoe uma contradição
Qualquer tipo de provocação
Uma débio e tênue alusão
Que seja desculpa plausível
Para urgir do poeta a ação!

(cppp - 22/06/2015)

domingo, 21 de junho de 2015

Kkkkkkk

Eu rio muito sim!
Por que da vida, as tristezas
já tem assento certeiro
Por que é das escolhas
a mais acertada e inteligente

Eu rio muito sim!
Por que me sobeja
este espírito faceiro
Por que vivo no presente
total, plena e intensamente

Eu rio muito...
Por que felicidade é
cada pequeno segundo
Que se soma num todo
de completude, de entendimento
Por permitir ao outro a satisfação
de partilhar de seu contentamento.

(cppp - 21/06/2015)

sábado, 20 de junho de 2015

Improviso

Algo que provoque
o riso, sem siso
Imagens esparsas
sem coerência
De um confabular
cheio de reticências
Que, aliás, adoro!
Talvez um juntar
de tantas irreverências
De algumas rimas baratas
expostas ao clichê
Sei lá o que combina com o quê!
Estou apenas brincando
Com palavras, provocando você...

(cppp - 21/6/2015)

Quem Sabe...

Onde está a poetisa?
Não sei.
Ficou em algum lugar
Ou talvez não veio...

Se está trancada?
Não sei.
Quem sabe apenas recolhida
Absorta no alheio...

Se voltará?
Talvez!
Esta é um possibilidade
Que está a ressoar, altissonante, no meu seio.

(cppp - 20/06/2015)