segunda-feira, 17 de agosto de 2015

O Pão Nosso

E então, vamos pra cozinha de novo?
Hoje vamos fazer pão, mas sem ovo.
Minha receita é simples, bem em conta,
Mas fica deliciosa depois de pronta.

Fazer pão é coisa antiga, é paixão,
Coisa de família... quase religião.
Uma receita de minha mãe, preciosa,
Apurada com o tempo, virtuosa.

Já tive máquina e não teve graça.
Gosto é de meter a mão na massa.
É mais do que só sovar, é um ritual,
De transformação... quase espiritual.

Afinal, pão é comida muito antiga;
É do milagre, o que a fome mitiga.
É mais que alimento, é companhia,
Trazendo conforto que a alma sacia.

Comida conforto também para mim,
Não sei bem o porquê, mas é assim...
Qualquer sabor e caseiro, sem exceção;
Do forno, quentinho, cura até depressão.

Alguma explicação poderia ser
Que cresci vendo minha mãe fazer;
E quando o cheiro de pão a casa invade,
Sinto-A perto, de novo, e uma felicidade...

Sexta-feira o pão fresco era sagrado,
Para que o fim de semana fosse celebrado;
Ah... que sabor de infância incrível...
Cada fatia é tornar a recordação tangível!

Hoje repito mais do que a receita,
É quase doutrina, que reafirmo satisfeita;
Pois mesmo nos tempos de privação,
Uma coisa nunca nos faltou: o pão.

(cppp - 17/08/2015)

domingo, 16 de agosto de 2015

Tempestades de Verão

De repente o céu escureceu
Pesado mesmo, qual breu
Nem parecia meio do dia

Mais uma daquelas tempestades
De verão, que vem de supetão
Trovejando com rebeldia

Em cinco minutos o céu todo cai

Mas assim como veio, tão logo se vai

(cppp - 16/08/2015)

quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Coisa Boa

Colo de mãe
Ouvir aquela música
Ingressos na primeira fila
Ser reconhecido
Acordar de férias
Biscoitinhos da vovó
Ouvir um elogio
Achar o que estava perdido

(cppp - 13/08/2015)


quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Mágoas

Como sinto saudades
De casa, de mim, do meu lugar
Da boa música, da orquestra, cantar...
De ser ouvida sem grosserias
De poder me expressar e ser entendida

As vezes me faz falta
Uma conversa boa, inteligente
De trocar uma idéia diferente
Sem censuras, senões e sermões
Sem ter que pensar cada palavra

Ah quanta nostalgia
Daqueles que me tinham afeto
Que me guardavam no peito
Que viam minhas qualidades
Que morriam de saudades...
E de mim gostavam de qualquer jeito

Como sinto falta
De alguém que me queira
Por perto, de forma verdadeira
Que me veja como algo bom
Que me guarde no coração...
...já estou farta de tanta rejeição...

(cppp - 12/08/2015)

terça-feira, 11 de agosto de 2015

Mexendo o Doce

Hoje fiz um doce! Sim!
Não há o que me motive mais.
Esse é meu passatempo...
Ih, tenho receitas demais!
Se cozinhasse por cem anos
Não chegaria no fim.

Manias... de colecionar coisas
Pra se fazer, pra se comer...
Que é pra ver se a vida melhora.
Vai me dizer que, da vida,
Este não é um grande prazer?
Tem até nome chic: gastronomia.

Ah... adoro da culinária,
Toda aquela fantástica alquimia.
E todas aquelas especiarias?
É o paraíso na ponta da língua!
Uma pitada disso, duas daquilo,
Mexe, mexe e vualá. Lá está!

Ê, mas peraí, mais devagar;
Há de se ter alguma dedicação.
Tem que misturar muito bem
E mexer o doce com cuidado.
Tudo que nesta vida é bom,
Há de ser feito com o coração.

Hmmm... Mas que delícia!!
Mexe com meus sentidos...
Prazenteira já estou a imaginar,
O sabor e também a reação
Gostosa daqueles, privilegiados,
Que terão o prazer de provar.

Não, não seria por profissão,
Acho que perderia o tesão,
Mas adoro, amo, cozinhar...
Sem muita complicação,
Por isso me apetecem os doces,
Que ajudam, a vida, adoçar.

O de hoje, foi bem simples:
Uma geléia de manga,
Que pano pra manga dá.
Opa! Põe fogo nisso e
Mexa muito bem para apurar,
Chegar no ponto. Pronto.

Mas, não fique aí aguando,
tá, o quê, esperando?
"Bora" mexer o doce!!
Que a vida não vai esperar...
E se você me der licença,
Eu tenho mais o que saborear!

(cppp - 11/08/2015)

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Amor Secreto

Ah... um alguém com carinho,
No meu coração roubou um cantinho,
Escondido, reservado, bem guardado.

Nem eu sabia há quanto tempo,
Me surpreendi... muito antigo,
Na memória, querido, entesourado.

Preciosa confidência... é secreto!
Sempre foi assim, muito, muito discreto.

E permanecerá velado, não perderá a cor...
Para que até o fim, continue sendo amor.

(cppp - 10/08/2015)

O Amanhã

Ah o amanhã...
Tão promissor
Tão assustador
Tomará não se repita
Ao menos, a dor de hoje

Tão desafiador
Tão inclemente
Subtraíndo vai
Por bem ou por mal
O tempo presente

Teus mistérios
Quem me dera
Antecipá-los
Mas então se perderia
Todo sabor de sonhá-los

Ah o amanhã...
Queria não fosses
Do hoje tão
Influente e exigente
Com as escolhas da gente

Queria chegar
Só por um dia
Te alcançar e
Não me arrepender
Do que ontem não sabia

(cppp - 10/08/2015)

domingo, 9 de agosto de 2015

Amor Secreto II

Ah... um alguém com carinho, bem guardado;
De antiga e preciosa memória, entesourado.
E é tudo que vou confidenciar... é secreto!
...Ou deixará de ser amor...

(cppp - 09/08/2015)

Hipocrisia

Se não fosse patético seria ironia
O individuo plantou só grosseria
Dissimulação, mentira e rebeldia

Confunde chance e misericórdia
Com libertinagem e salabórdia
Acredita, Deus não vê tal mixórdia

Mas nesta vida, quer você acredite ou não

Você colherá o que cultivar na sua plantação

Chuva de Verão

Por vezes minha imaginação pueril
Corre solta na torrente do pensamento,
Levando-me num confabular infantil,
Sobre o céu que está a desabar lá fora.
E um fértil e maroto questionamento
Insiste quais as gotas da tal chuva:
Não se daria, por ventura, ao caso
De que a mãe-natureza, generosa,
Estaria apenas a derramar o vaso
De toda lágrima triste e chorosa,
Que ao céu acendemos qual prece
Quando nossa alma se desfalece?
E com a imaginação encharcada
De uma inocência já até esquecida,
Vou juntando as gotas, os elementos,
Compondo o argumento, convencida:
Nenhuma lágrima passa despercebida
E com o maior cuidado é recolhida,
Naquele imenso odre azul infinito.
Pela natureza, mãe, mas espirituosa,
Até encher, atingir, do céu, o limite;
Nos devolvendo em forma de benção,
Feito bendito, na chuva que cai copiosa.
Mas como disse, isto é puro devaneio,
Entretanto estou feliz com meu palpite,
De minha imaginação, simples, de criança
Gracejando, leve e solta, com a chuva,
Numa tarde preguiçosa de veraneio.

(cppp - 09/08/2015)

sábado, 8 de agosto de 2015

Ao Meu Pai Com Carinho

Queria escrever uns versinhos
Assim com toda a emoção
E dizer ao meu paizinho
Do fundo do meu coração

Pai obrigada por existir
Por ter sido um homem presente
Por tudo superar e resistir
Apenas pra me ver contente

Obrigada por cada sacrifício
E também pela correção
Foi pra mim de muito benefício
E saiba, eles não foram em vão!

Por, por mim, interceder
Por me ensinar no Caminho
E por me deixar escolher
Obrigada! Com todo carinho...

Obrigada por ter sido forte
Por não ter sido tão perfeito
E por ter me dado seu suporte
Quando caí em algum defeito

Ah sim, por sua paciência
Um obrigado dramático!
Pelo exemplo de resiliência
A me ensinar de modo prático

Obrigada por sua importância
Em minhas felizes memórias
Tão saudáveis da infância
De algumas, divertidas, histórias

Obrigada por sua tolerância
E por seu amor profundo
E saiba que mesmo a distância
Eu te amo, amo, amo
Com maior amor do mundo!

(cppp - 08/08/2015 - Para Gerson Benedito Prado)

Papelão da Vida

Tudo empacotado, fechado,
Em caixas de papelão
E a vida estagnada, sem rumo,
Pelo fechar da porta de sopetão.

A novidade de subto envelheceu.
Tudo que fora arquitetado,
De um futuro a muito acalentado,
Simplesmente pereceu.

As esperanças evadiram,
Pelo menos por agora saíram
Porta afora sem dizer adeus.

Alojou-se um tom soturno
E perguntas em cada turno,
Ecoando pelos aposentos vazios
Não só da casa, mas da idéia.

Difícil assimilar a mudança brusca
Ou recomeçar, reencontrar, a busca
Por quem viu o sonho ruir,
Restando uma caótica odisséia.

O tempo se tornou moribundo,
De repente se encolheu o mundo...
E a vontade se trancou, nalguma caixa.

Por hora nada faz sentido,
Rumo de quê, onde, porquê?
É tudo que restou no pacote...
Incertezas e um coração abatido.

E a vida... segue empacotada;
Macabunzia, fechada, calada...
Apenas a catar os cacos, da alma, do chão;
Sem querer, por agora, se abrir à razão.

(cppp - 08/08/2015)

segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Parabéns pra Mim

Hoje estou de folga
De folga das minhas cobranças
Dos limites que impus a mim mesma
Ou dos alvos que, rigorosa, determinei

Hoje estou de folga
Tendo só de mim as boas lembranças
E não me traga nenhum abantesma
Tentativa inútil, há tempos os apaguei

Hoje quero poder me dar os parabéns
Quero recapitular o gosto da vitória
Quero poder reafirmá-la na memória

Só por hoje vou merecer todo bem
Quero me orgulhar muito de mim
E reafirmar, comigo, um amor sem fim

(cppp - 03/08/2015)

domingo, 2 de agosto de 2015

Lapso Criativo

(Encolhimento)

Em frente da tela
Mas olhando pela janela
Fitando por horas o nada
Completamente alienada
Me peguei absorta, parada
Perdida contando vazios
Numa teia longa e sem fios...
Procurando no pensamento
Um lugar, um momento
Quem sabe naquele aposento
Uma imagem perdida
Uma sinapse atrevida
Algo legal, fatal ou venal
Quem sabe bem original!
Sim, na caixa das memórias
De surpreendente histórias?!
Algo para escrever, criar
Um texto denso, peculiar
Mas não, não existe nada lá...
Nada que seja de proveito
Que crie algum conceito
Ou dicotomias de raro efeito
A evocar um amor perfeito...
Tudo sumiu, fugiu, me sabotou
Sem titubear me abandonou
Acabou, congelou, vai saber
Sei lá onde foi se escondeu
Ante a exposição desfaleceu
A timidez, acho, prevaleceu
Ou talvez, assim, realmente
A imaginação ficou ausente
E se foi, vagou, infelizmente...
Cedi, então, incorformada
E de mim mesma, vitimada
Cismada protestei: que seja!
Há por vezes de se aceitar
Impossível a tudo experimentar
A ignorância pode se instalar
E quando assim se apresentar
O melhor mesmo é calar!

(cppp - 02/08/2015)

sábado, 1 de agosto de 2015

Malcriação

Há quem não goste de nada rimado
Ateus da poesia... seriam? Talvez...
Avessos a qualquer combinação
De palavras, de sons, de ritmo
Qualquer cadência que se repita
Naquilo denominado poema
Mas enfim, cada um que entenda
A expressividade do seu mundo
Um de nós certamente está
Na contramão ou no reverso
Particularmente, pra mim, seria...
Como viver num filme mudo
Ou numa paisagem sem cor
Numa dimensão sem textura
A degustar algo sem sabor
Ah!! Quase consegui! Que pena...
Você está, de novo, decepcionado
Mas vou me rir alto e demorado
De minha maldade quase literária
E desta ousadia mercenária!

(cppp - 01/08/2015)