Escrevo, Me atrevo, Contesto
Porque não sei esperar pra ver
Para mostrar que o ser é muito mais fazer
Para escancarar as nuances de meu saber
Escrevo, Me atrevo, Rimo
Porque preciso respirar esta poética
Qualquer que seja... uma rima eclética
Porque sou assim, verborrágica, dialética
Escrevo, Me atrevo, Contesto
Porque é de minha personalidade ser intrépida
De ser o que sou, Musa, eternizada
E sem nenhum pudor de ser constatada
Escrevo, Me atrevo, Contesto
Porque o turbilhão de sentimentos aflorado
Precisa de alguma forma ser extravazado
No momento, no instante, pra que não seja dissipado
Escrevo, Me atrevo, Rimo
Porque do vernáculo tenho facilidade
Porque necessito uma saciedade
Do romântico, do parnasiano, da raridade...
Escrevo, Me atrevo, Contesto
Porque minha alma tem sede da estética
Que em mim é obra da genética
De uma quase prolixia poética
Escrevo, Me atrevo, Contesto
Porque esta é minha forma peculiar
De gritar o que a alma quer ecoar
De um desejo quase incontido, particular
Escrevo, Me atrevo, Rimo
Porque me é quase um anátema não ter aos pares
Teus versos, que me são caros, tão singulares
De nossas dores, cores, amores e paladares
Escrevo, Me atrevo, Contesto
Para que não me sabote uma nostalgia
De poetas outros, profusos e de rimas vazias
Que não valem aqui minhas idiosincrasias
Escrevo, Me atrevo, Contesto
Porque não me cabe o silêncio desta pluralidade
Ainda que carregada de minha singularidade
Ainda que toque a linha limítrofe da banalidade
Escrevo, Me atrevo, Rimo
Porque me descobri além dos instantes vazios
E as palavras me afluem como rios
E já não são pensamentos arredios
Escrevo, Me atrevo, Contesto
Porque assim calhou o acontecimento
Um pavilhão de idéias cheio de movimento
Que tem na escrita seu acolhimento
Escrevo, Me atrevo, Contesto
Porque não sou de reclamações repetitivas
Daquelas ladainhas cansativas
Que na alma conjecturam pouco receptivas
Escrevo, Me atrevo e Rimo
Porque já que não tenho o que penso merecer
Porque não posso eu então oferecer
E ir além da teoria, na prática do bem-querer...
Escrevo, Rimo e Protesto
Porque tua poesia não me chega suficiente
E para não sentenciá-lo como ausente
Culpado de prolixia retórica
Inverti os papéis e me fiz refém
Deste poeta que amo como ninguém
E de musa de inspiração teórica
Passei a poetisa, constante...
E de nossa intensidade, que sobeja
Que minha inspiração você sempre seja
Meu poeta, meu amante!
(22-09-2008)
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